Report WTC - Figueiró dos Vinhos (9 e 10 de Julho)

Normalmente costuma-se dizer que o que realmente interessa não é o destino, e sim a viagem... mas neste caso a história é outra! Este era o meu espírito nos dias que antecederam mais uma prova do WTC, desta vez novamente voltado para as paisagens do interior do país, em Figueiró dos Vinhos, depois da etapa realizada em Peniche. Tendo em conta que seria finalmente a minha estreia neste tipo de prova, a expectativa era alta, e sem dúvida que nao decepcionou. 




O mote proposto pela organização por trás desta 14ª edição era “onde o Alge desobre o Zêzere”, o que de certeza abriu logo o apetite a todos os participantes. E assim foi, com a inconfundível paisagem montanhosa do centro/interior do país, as suas as aldeias de xisto e o serpenteado do Rio zêzere quase sempre a fazer-nos companhia. Aguardavam-nos mais uma vez trilhos de dificuldade média/baixa, com uma oferta variada para todo o tipo de experiência: caminhos acessíveis a qualquer trail (e não só), com ou sem pendura, com muita ou pouca experiência, dependendo da estratégia previamente definida, havendo também alguns pontos mais complicados para quem quisesse suar um pouco!
Depois de um par de semanas em negociações com uma equipa já com uma pequena experiência nestas andanças do WTC, acabei por fazer par com o nosso amigo Rui Miguéis, da equipa ‘ATCP 4 em B’, uma vez que o companheiro Celestino não iria poder alinhar desta vez. Um cafézito e uns copos durante a semana para me familiarizar com o conceito por trás do WTC, era chegada a hora de dar inicio à viagem. Sexta-feira à noite fiz-me à estrada, com paragem por casa do Rui, em Sta. Maria da Feira, já para poupar alguns kms de viagem pela manhã. Manhã essa que nasceu muito cinzenta e com alguns chuviscos, já antecedendo uma viagem para o sul não muito agradável. Tinhamos a previsão de bom tempo para o fim de semana, mas na verdade apanhamos chuva durante toda a viagem, e só apenas depois de Coimbra é q S. Pedro decidiu dar tréguas, e começou a surgir o sol. Sol esse que nos acampanhou depois durante toda a prova!
Chegados a Figueiró dos vinhos já bastante em cima da hora, era necessário deixar toda a tralha no parque de camismo da Foz do Alge e regressar para ainda apanharmos o briefing do Sr. Organizador Filipe Elias por volta das 14:30, assim como receber o mapa e o road-book fotográfico. Deparei-me com um grupo bastante grande de participantes, talvez à volta de 30/40 motos, grupo que depois de receber as principais indicações e sugestões do Filipe apressou-se a preparar o que faltava na moto e a estudar qual a melhor estratégia a atacar, numa carta militar que parecia bastante actualizada, e que em conjunto com as fotos do road-book anteviam umas horas de muita diversão e competição saudável, um dos grandes atractivos deste género de prova.
Depois de algumas ideias trocadas com o meu colega de equipa, chegaram as 15 horas e era tempo de arrancar! Alguma azáfama de motores a ligarem-se e motos a arrancarem desenfreadas, enquanto outros ainda terminavam de preparar e estudar o mapa: o “pessoal das Atês” todo reunido, um boa sorte para todos, e lá fomos nós. Como era a minha primeira vez, segui as indicações do Rui e fizemo-nos à estrada, tentando seguir a estratégia do amealhar o maior numero de way points, tentando sempre seguir para sul, já a pensar no final da prova, próximo ao parque de campismo.
Começamos bem, logo com um marco geodésico próximo a partida, mas logo a seguir começou a complicar : fomos atrás de mais um marco geodésico, tentando acompanhar a direcção que tinhamos previamente estudado, mas este estava difícil de encontrar, e logo aí comecei a ver do que realmente se trata este WTC: uma boa navegação, e uma boa estatégia. Ainda não estava muito familiarizado com o mapa e com a sua leitura, estradas principais, caminhos de terra, a escala do mesmo... mas depois de muito procurar lá encontramos o marco, mesmo próximo à estrada no ponto mais alto, tal como o mapa indicava. E logo assim, depois de uma pequena dificuldade e uma leitura correcta da carta e do terreno, fiquei viciado.
O resto do dia correu bastante bem, uma vez que conseguimos amealhar 12 waypoints. Contudo, sem seguir uma estatégia bem definida visando o dobrar dos pontos caso esta seja completada no final, o dia seguinte antevia-se “complicado”! Ainda assim era hora de toda a gente se reunir para o tao aguardado jantar, depois dum dia muito desgastante... o local era propício a algumas trocas de opiniões e conversas, que duraram algumas horas, e perduraram depois no parque de campismo até às tantas da manhã...
e mais algum tempo para umas fotos!
Depois de algumas horas de descanso, mais uma manhã solarenga fazia antever uma segunda parte da prova com algum calor, sinónimo de algum desgaste físico... daí que a organização, para nos ajudar a combater isso, brindou-nos com um farto pequeno almoço composto por febras e entrecosto, o verdadeiro pequeno-almoço dos campeões!!
Partida marcada para as 9 da manhã, e com 4 horas de prova pela frente, eu e o Rui tinhamos esperanças que a estratégia do dia seria um bom complemento para a do dia anterior, uma vez que já com um dos cantos do mapa feitos (e sem nenhuma estratégia próxima de estar completa...) decidimos partir em busca dos outros 3 cantos, e ainda arrecadar mais alguns waypoints que ficassem pelo caminho... tudo se foi compondo, até chegramos ao frustrante ponto 23C, no qual perdemos mais de hora e meia de tempo útil, sendo que tivemos mesmo de desistir e seguir caminho para o check point final, onde chegamos já com 15 minutos de atraso e por isso 100 pontos de penalização... mesmo apesar de bastante frustrados, o saldo não deixou de ser positivo, e a sensação final foi a de que o fim de semana poderia ter continuado ainda durante uns dias, tamanho foi o gozo retirado!
Ainda antes de seguir para o campismo para um pouco de piscina e relaxamento, notei ao longe enquanto ainda me encontrava no check point final, que o resto da malta estava a aproveitar a fabulosa paisagem do rio e da albufeira para tirar algumas “chapas” com as suas respectivas meninas, numa paisagem digna de qualquer grande aventura motociclística! E sendo assim, não resisti, e fui tratar também eu de tirar algumas fotos... contudo, quando dou por ela, noto que o meu colega de equipa também pensou no mesmo que eu, e sem medo nem tempo a perder, decide levar a sua montada para um banho de imersão, do qual não mais conseguiu sair... resultado: meia moto enterrada no que pareciam ser areias movediças, e a necessidade de ir pedir ajuda ao resto dos companheiros... depois de algumas sugestões e ajudas, surge uma milagrosa fita da Touratech que tratou do serviço. Aliás, minto, uma fita e a minha AT que serviu de reboque pela primeira vez! Finda esta pequena aventura final, era hora de discutir resultados e pontos, e entregar as respectivas fotos ao Sr. Organizador, para depois ainda aproveitar a agua cristalina da piscina!
Um fim de tarde espetacular, e era hora de seguir viagem, para quase todo o grupo das Atês... sendo que todo o resto dos participantes da prova ja tinham partido há algumas horas. O grupo decidiu fazer um ponto próximo ao parque de campismo para a nossa amiga Paula sujar um pouco a sua BMW e ver mais de perto do que se tratava então este WTC! Eu o Carrilho o Begonha e o Teixeira decidimos acompanhá-los até lá, para depois aproveitar e dar ainda uns giros por ali perto... para apenas depois disso arrumar a tralha e seguir para cima. Foto de grupo tirada, despedidas, “vamos rolar? E se fossemos ali abaixo até a água? Não parece ser fundo... tem ali um caminho...!!” e lá fomos nós, feitos crianças que entram numa loja de doces, sempre de sorrisos estampados nas caras, dar um banho às meninas e gozar o final de tarde, terminando assim em beleza um fim de semana fantastico!
Ah, pois é verdade... ainda tínhamos 200 kms pela frente até ao Porto, para os quais só arrancamos já passava das 23 horas... mini puxa mini, conversa puxa conversa! Já agora ficam aqui os nossos agradecimentos ao pessoal do parque de campismo, que nos aturaram o fim de semana todo, e no Domingo até altas horas, sempre disponíveis para o que quer que fosse... um muito obrigado!
Hora de partir, e o que aparentava ser uma viagem de um par de horas até cá acima, transformou-se num pesadelo de aproximadamente 5 horas (...) isto porque mal arrancamos e estavamos a passar por Figueiró dos Vinhos, o Teixeira teve um azar e furou o pneu de trás! Por sorte tínhamos como música de fundo os sons da festarola lá perto, assim como um belo dum cafezinho oferecido pela dona Rosa, se não me engano, que se prontificou a abrir o seu cafézinho para nós, uma vez que montamos oficina mesmo à porta do mesmo, que se encontrava fechado...isto porque já passava da meia noite! Nada como a simpatia das pessoas do interior!
Para terminar a noite em beleza, ainda andamos à procura duma bomba de gasolina uma vez que eu me esqueci por completo que chegando ao final da prova ao inicio da tarde entrei na reserva!! Por sorte lá conseguimos encontrar uma galp aberta, depois de várias tentativas frustradas... só me sobrava menos de meio litro de gasolina! E mais uma vez, a simpatia das pessoas do interior a vir ao de cima, comemos umas belas sandes de leitao no café da bomba, isto porque já passava da uma da manhã...
Finalmente, 4 da manhã, e avistávamos a ponte da Arrábida, com a VCI toda para nós, uma rápida despedida de punho no ar, e um até breve... um fim de semana 5 estrelas, cheio de camaradagem, boa disposição e muita aventura!

                                                                                                                          Gabriel Martins

3 comentários:

  1. Excelente cronica. Grandes imagens!

    Tou "mortinho" que chegue o fim de semana do travel event.

    Ze Gonçalves

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  2. Um texto digno para o "Diário de um motociclista".
    Obrigada por me terem recebido tão bem. A BMW ainda não foi lavada desde esse dia... o Softlã Rosas tem estado esgotado no reinado dos ovos moles :)

    Mais uma vez OBRIGADA a TODOS pela vossa simpatia.

    No próximo WTC já desencaminhei uma Amiga e esta parelha promete....

    Paula Sousa

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  3. Ainda bem que a fita ajudou. Tirar o nó com que ela ficou é que foi lixado.

    Bela cronica.
    João Mota
    (o gajo da fita da Touratech)

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